Sede do Deops/SP
Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo
O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu nova denúncia contra o delegado Carlos Alberto Augusto, o “Carlinhos Metralha”, por crimes cometidos na ditadura. Então integrante da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP), Augusto participou das sessões de tortura que levaram à morte o militante de esquerda Devanir José de Carvalho em abril de 1971. Segundo a versão oficial dos órgãos de repressão, Devanir foi morto após confronto com policiais, mas documentos e testemunhas atestam que ele foi levado com vida ao Deops, onde passou por agressões durante três dias.
Um dos fundadores do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), o militante havia participado do sequestro do cônsul japonês Nobuo Okushi em março do ano anterior e era, desde então, um dos alvos prioritários da equipe de Fleury. Ele sofreu uma emboscada, quando levou uma rajada de metralhadora nas pernas, e passou por tortura nas dependências do Deops. Após três dias de intenso suplício, foi assassinado.
O MPF quer que Carlos Alberto Augusto seja condenado por homicídio qualificado, com agravantes como o motivo torpe do assassinato (perseguição política), o emprego de tortura, o abuso de autoridade e a adoção de métodos que impossibilitaram a defesa da vítima. Ao final do processo, o Ministério Público pede também o cancelamento de aposentadoria e outros eventuais proventos do ex-agente, bem como de condecorações que ele tenha recebido pelos serviços prestados durante a ditadura. Na denúncia, o MPF destaca que a morte de Devanir ocorreu num contexto de ataque sistemático e generalizado do Estado brasileiro contra a população civil e, por isso, constitui um crime contra a humanidade, para o qual não cabe anistia nem prescrição.
Denunciados/demandados: Carlos Alberto Augusto
Instituições envolvidas: Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP)
Vítimas: Devanir José de Carvalho
Crimes: Homicídio qualificado
Ação penal nº 5003562-56.2021.4.03.6181
Veja a íntegra da denúncia
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