A viúva Amparo Araújo com o retrato de Luiz José da Cunha
Foto: Fred A. Ferreira - PR/SP
A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos anunciou a identificação dos restos mortais de Luiz José da Cunha, o comandante Crioulo, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), morto a tiros aos 29 anos de idade numa emboscada preparada pelo Doi-Codi, em São Paulo, em 13 de julho de 1973. A solução do caso foi possível mediante intervenção direta do MPF.
Cunha foi enterrado como indigente no Cemitério de Perus, em São Paulo/SP, vestindo apenas cueca e meias, sem qualquer comunicação à sua família.
Grupos de Direitos Humanos lograram êxito em localizar, nos arquivos do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), fotos de vários cadáveres de presos políticos, cópias de requisições de laudos, laudos, entre outros documentos. Isso possibilitou a revisão de vários desses laudos necroscópicos que, à época, foram redigidos omitindo sinais de tortura e dando como "causa mortis" razões diferentes das reais. A revisão foi possível, na maioria das vezes, graças às fotos dos cadáveres. Essa busca também confirmou que grande parte dessas vítimas foram enterradas no Cemitério de Perus, em São Paulo, na já referida condição de supostos indigentes. Foi o que ocorreu com Luiz Cunha. Suas fotos foram reconhecidas, tornando possível provar que ele morreu sob tortura.
Em 1991, houve diversas exumações em Perus, para a busca de restos mortais de desaparecidos políticos, inclusive os de Cunha. Porém, somente, após 15 anos de tentativas frustradas (seus restos mortais estavam misturados com os de outras pessoas e sem o crânio, o que, entre outros fatores, dificultou os trabalhos). Em junho de 2006, após a intervenção do Ministério Público Federal, seus restos mortais foram identificados por meio de exame de DNA.
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